Quando cai chuva na terra
No meu querido sertão
Quando se escuta o trovão
Estremecer no nascente
O relâmpago transparente
Ilumina a natureza
As águas em correnteza
Vai molhando todo o chão
Começa a transformação
Em linda acolhida
Germina milhões de vida
É a multiplicação
O camponês animado
Levanta de madrugada
Com a chegado do inverno
E o cheiro da terra molhada
Ele olha pro nascente
E vai buscar a semente
Guardada no paiol
Pega as espigas maior
E começa a debulhar
Vai logo selecionar
Deixando o pé a ponta
É o jeito que ele encontra
Pra semente preservar
Bota água na cabaça
Pois é um dia de planta
A família se levanta
A mulher vai preparar
Um gostoso macunzá
Com farofa de toicim
No saco bota o soim
Pra comer no meio dia
Seguem todos com alegria
Pois a tempos era esperado
Aquele sagrado dia
E quando todos fecham as plantas
E o milho está bem nascido
O inverno está firmado
E as plantas desenvolvidos
Chega o tempo de limpar
Começa a se articular
Vão marcando os adjuntos
Não se escuta outro assunto
Entre os grupos de família
Pois é a única garantia
Pra limpar nossos roçados
É com os dias trocados
Nossos avós já faziam.
E nessa partilha espontânea
Logo sacia o roceiro
O nosso feijão ligeiro
Que dá com quarenta dias
E depois chega a melancia
O maxixe, o milho assado
Ninguém pensa no mercado
O que importa é a fartura
Pois é a nossa cultura
Ter legume o ano inteiro
Mesmo estando sem dinheiro
Essa luta traz certeza
E muita dignidade
Identidade camponesa
Zé Santana......
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