Os nativos nordestinos
Deportado e peregrino
Desde a colonização
Saquearam o nosso chão
E entregaram aos invasores
Os tais colonizadores
Com ganância e exploração
Fizeram a repartição
Nos deixando deserdados
Fugitivos e marcados
Como se fosse animal
Urge-nos indignar
E mobilizado cobrar
Tanta divida social
Uma historia degradante
Nos tornaram retirantes
Em nosso próprio habitar-te
Muitos se tornaram mártires
Pela sua resistência
Deturparam a nossa crença
E a nossa harmonia
E a tal capitânia
Tomaram as melhores terras
Nos evadimos pras serras
Para os solos marginal
Não vamos nos conformar
E unidos vamos cobrar
Essa divida social
Agregamo-nos entre as serras
Onde ninguém nos desterras
Trilhamos pelas nascentes
Os poucos sobreviventes
Nômades e sem moradia
Disperso essa etnia
Nos remoendo em tristeza
Pois só a mãe natureza
Protegeu do extermínio
De ter que viver fugindo
Numa revolta mortal
Só a indignação
Trará a reparação
Desta divida social
Ali fincamos morada
Das coletas e das caçadas
Tiramos o nosso sustento
Pra não ficar no relento
Fizemos algumas choupanas
Replantamos uns pés de cana
E depois a mandioca
De farinha e tapioca
Nós fomos subsistindo
Aos poucos adquirindo
Uma outra identidade
De nossa dignidade
Fomos juntando os pedaços
Adquirindo outros traços
De camponês serviçal
Com tanta indiferença
Nunca chegou recompensa
Desta divida social
Resistimos nas encostas
Caçando e tirando roças
Na lida da plantação
Por causa da precisão
Inventamos utensílios
Plantando feijão e milho
E criação de galinha
Com as casas de farinha
Recomeçou a fartura
Engenho de rapadura
Tudo feito em adjunto
O pouco se torna muito
Com a nossa vizinhança
Chegou a desesperança
Com a praga do mercado
Nos chamou de atrasado
Tirou nossa autonomia
Sem nenhuma garantia
Numa luta desigual
Provocou imigração
E o cúmulo da maldição
Desta divida social
Zé Santana......
